quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

SEXO DOS ANJOS

SEXO DOS ANJOS

Sobre as cabeças dos anjos
perdidas tiaras hão de brilhar
na noite
lúcida
e lúdicos jogos serão jogados nas varandas
varando a madrugada.

Nas janelas que passam incólumes
e nas pessoas que ficam
e fiam fios infindáveis
urdindo tramas
e tramando urtigas
antigas formas hão de se esvair, por entre os dedos,
por entre os dados, dardos sutis e envenenados
lançados ao longe, a perfurar têmporas frouxas
de homens tolos, de mulheres lúbricas
que no calar da noite se entregam aos desleixos
e aos jogos soturnos noturnos seixos
do sexo engaiolado.

Não como os anjos fazem.
Não como os anjos
que gozam o gozo puro, o gozo etéreo,
sem estertores sem gritos estridentes
entre dentes cerrados. Não.
O gozo fluídico e mágico destes anjos
não retine na noite feito copos,
feito corpos
de humanos entrelaçados. Não se exibem nas janelas
nem se entregam às orgias.
Fiam fios e urdem tramas
sem dramas em camas desfeitas.
Enfeitam os cabelos
com tiaras, e brilham nos seus olhos
diamantes cristalinos, com o brilho de mil sóis
reluzindo, rouxinóis aveludados nas gargantas,
vocais acetinados, seda pura.

Sede puros
como os anjos
são.

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