domingo, 29 de março de 2009

Sede da Palavra


foto: Era só - flickr/L

Como peixes sedentos
em pleno aquario
como aves cansadas
em repouso no ninho
como serpentes que morrem
do seu proprio veneno
como versos imperfeitos
que regurgitam a poesia
que não se compreendeu
assim me sinto eu:
poeta perdido
em meio à imensidão da palavra
E de suas consequencias:

Como encontrar as trilhas
as medidas
em meio a tantas midias
e maravilhas?
Como andar no prumo
e equilibrar-me
no fio da navalha?
a palavra explode
em meu peito
cala-me cego
o olho que não vê
meu braço cansado
de pesado fardo
passo e não sinto
o cume das estrelas
nem adormeço o sonho
da flor amanhecida
no jarro seco:

Como peixe sedento
em pleno aquario
minha sede não se mata
minha fome não se sacia
antes, se renova,
mais faminta, mais sedenta,
a cada dia.

Um comentário:

Beatriz disse...

Tem jeito não, Dan!
Se a palavra explode pra vc...pra mim ela míngua.
Mais uma vez encantada pela liberdade mantida em delicado mas firme freio poético. Magnífico.