domingo, 18 de abril de 2010

moradas


imagem: h d c/flickr


Esfinge enigmática
Debruço-me
Sobre ti e sobre mim
E qual pensador de Rodin
Não vislumbro amanhã
que arde,apenas me indecifro
e te desconheço
a cada vez que toco
o rubi da tua boca
e o az-sul de tua Iris.
Somos todos teoremas
Somos o todo teorema
Inconcluso
E no escuro
Empreendemos viagens
Vorazes, nos vórtices
De nossas mentes
Buscando o caminho
Desse axioma :
O que é a vida
Essa mão que nos cinge
A cintura
Como uma faixa de gaze
Que pode se esgarçar,
A qualquer tempo?

...um dia chegou o anjo. O anjo. Assim chamavam aquela figura estranha que invadiu casa e vidas, sem pedir licença, sem cerimônia, o anjo exterminador que chegou buscando redimir vidas, alterar vidas, fazer renascer em cada um daqueles quatro a chama apagada- a mesmice, o mormaço, a modorra, a masmorra, impropérios e infortúnios, tudo deveria ficar para trás quando o anjo tocasse os corpos e as almas e quando soasse o toque da trombeta todos sairiam de suas cavernas e como fenixes alçariam vôos novos, mas...

O anjo exterminador não se deu conta de sua intro/missão em meandros complexos das esfinges, que nem a si próprias se decifravam- e dessa promiscuidade não se gerou a rosa cálida ou a luz da utopia- apenas os seres se perderam, junto como o anjo- esse ser apavorado com suas asas caídas, penas despencando pelos ombros, lágrimas humanas em rosto indefinido, chorando pelos cordeiros imolados...

Ei, tá muito trágico – e nem é assim no mundo pós-moderno- tá muito anos sessenta aquela coisa do Pasolini antes de descobrir a alegria da vida em suas celebrações do amor – somos muito mais aquele anjo que chega light, só no sapatinho, e se instala, sorrateiro, no coração e na cama dos desavisados- e que de sobra sai pras baladas, dança., apronta, e mostra que a vida não é só drama- é drama, mas é comédia e mistério

Mas mesmo assim, lá no fundo de nossa alma ainda aguardamos essa figura mística-mítica-física- alguém que venha nos tirar da letargia e nos trazer motivos-

Prá não dizer que não falhei
Se flores capaz
Decifra o outro mistério
Que se debruça sobre ti
Com seus casulos obtusos
Seus dedos agudos
E seu sangue jorrando
A plenos pulmões.
Somos todos teoremas
Inconclusos,
Todos tanta incógnita
Em estradas tantas.

Decifra-nos
Ou te devoramos.

2 comentários:

Márcia de Albuquerque Alves disse...

Oi Danilo!

Bem, acredito que o deixa nossa vida muito mais interessante é esse "q" de mistério que existe em nós, em cada morada, em cada enigma chamado humano.
Acredito que decifrar alguém é perder-se, mas, perder-se em alguém é encontrar-se!

bjs e ótimo domingo!Feliz dia do amigo!

Adriana Godoy disse...

"Mas mesmo assim, lá no fundo de nossa alma ainda aguardamos essa figura mística-mítica-física- alguém que venha nos tirar da letargia e nos trazer motivos"

Danilo, e como esperamos! Belíssima postagem, li/reli/ vou ler de novo. Beijos.