domingo, 20 de março de 2011

banquete


imagem: Leedav/flickr

,e a cena se repete: cena ceia que se faz todos os sábados da semana sabaths não comao em salém nem como salomés que serviam cabeças de joões decepadas por vaidade orgulho e amores desferidos: ceias de familia seios de moças e de velhas esbaforidos pelos vestidos e decotes de peitos e costas e de homens babando e balbuciando como bebês palavras desconexas: e tome cobiça e tome e come a mulher do mais próximo. à mesa, a anciã- a matriarca regendo esta triste orquestra: uma familia que se reune ali, na noite de sábado para a ceia: olhos famintos, bocas abertas, peitos arregalados, mulheres acesas, homens desarvorados buscando sexo ali: na mesa de jantar, em frente à anciã, não se esconde o tesão nem se repete o amor : ali, rola solta a sacação em cima dos outros e das outras.
olhos flamejantes, bocas cheias, estupidezes de gente tão deslocada: um banquete dos mendigos: de alma ou de transcendências: brecht é fichinha- bunuel também: aqui, a burguesia mostra os dentes e solta os bichos.
era pra ser apenas uma ceia de sábado: alegre, feliz, abraços comovidos, netinhos beijando vovó, os homens falando dos negócios e das mulheres as mulheres rindo e se maquiando e falando dos homens. mas nada é asim: o bicho pega, as bocas se entortam, entorna-se o caldo que não é da sopa:
era para ser apenas uma ceia a mais- mais um sábado.
um cachorro sonoalento espera os ossos do banquete. e rosna baixinho, não entendendo os homens- e todas as suas falácias e desculpas para esconder o óbvio: todos querem se comer.

Um comentário:

Adriana Godoy disse...

Que banquete, heim, Danilo...me lembrou Nelson Rodrigues ou Felini. Beleza de texto! beijo