sábado, 15 de dezembro de 2012

baibai


i.
don’t know  the why
not
am i
i
lie.
and die:
bye
lye
under sky

eu.
não sei  porque 
não sou eu.
minto
e morro:
bai bai
me decomponho
ao sol

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

adisabeba


adisabeba

Acordou naquela manhã com uma estranha sensação de dejavu foi ao banaheiro mijou como sempre na tampa lavou a cara sem sabão espreguiçou-se olhou no espelho porra tô velho prá caralho barrigudo pescoço caindo em peles tatuagens exorbitando pelas gorduras aqueles dragões e tribais de tanto tempo latrás quando foi mesmo que eu fiz aquela ultima tatu?sai do banheiro vai até a cozinha e que merda:esqueci de comprar os  remédios olha prá geladeira tá lá, pregado no imã, aquele monte de nomes tomar uma losartana de manhã, duas aspirinas à tarde os antiácdos após o almoço, os do coração antes de deitar e antes de trepar o azulinho com cuidado mano olha a geladeira e pensa feladeira aquela última mulher que p(a)egou, uma  câmara frigoterrifica, uma chupada insossa,     uma gozada sem gosto e aí tomo um café preto, como umas duas torradas esqueço os momentos ruins e parto prá frente prá frente que frente?
Porra esse velho é reclamão, um pé no saco acha que pagando pode me usar e lambuzar e ainda se  achando que vai me fazer gozar feito doida só porque me pagou sei não acho que tá ha hora de partir prá outra, mudar de rumo, largar de ser puta e buscar um cara rico por aí só que mais novo, mais pegador pai te liguei ontem várias vezes você não atendeu olha tô precisando de grana prá pagar a facul, prá levar o rodriguinho prá disney agora nas férias ele só fala nisso seu netinho vê se colabora aí bota algum na minha conta pai é a rosa olha tô ligando prá avisar que vou dar um tempo larguei o Paulo e tô indo com uns amigos dar um rolê pela Europa vou deixar o neném com a babá olha cuida dele prá mim aí ta legal? Te amo como sempre você sabe é só um tempo..porra, que caralho de vida é essa, filhos, filhos, mulheres, ex-mulheres, um desfile incessante de peitos e bucetas e bundas, impressoais e transferíveis os sonhos todos já se foram pelo esgoto, os ralos andam entupidos, meu apartamento está um lixo de tanta bagunça não tem mulher em casa prá cuidar e eu, foda-se não vou me preocupar com limpeza afinal acho que até que não é má idéia da rosa despetalar assim de vez despirocar tacar a  mochila nas costas e sair por aí prá ver o mundo um tardio sonho riponga mas e daí a vida não é assim cheia de  mistérios e surpresas só é certa uma coisa a morte que chega e que vai levando os amigos os conhecidos a turma toda daqueles tempos de paz e amor e viagens psicoloridas da poesia da estrada dos sonhos lá dos sessenta cara não sobrou nada o mundo hoje tá uma pobreza tortal e eu, nem tentando ser pós-moderninho, ficando em vez de achar uma mulher prá dividir os sonhos e o corpo, me acostumo com essa idéia sabe vou chutar a porra deste balde armar a barraca jogar no lixo estas merdas de remédios prá isso praquilo e vou me mandar também a babá que se vire com o neném o rodriguinho que se foda com sua viagem e o meu filho que vá procurar  o que fazer as ex bom as ex vão procurar o juiz e eu não tenho nada a ver
...tinha um sonho antigo, que vez em quando reacendia e rescendia a emanações do tempo em que foi hippie, de verdade, e conheceu grande parte do mundo, viagens malucas, culturas, mulheres indóceis, vida feita de cada dia dali foi se aventurando em uma coisa em outra e acabou virando empresário imagine love and peace a piece of Love virou logotipo e logomarca e ele nunca teve esse tal pedacinho de amor
Pára com essa narração idiotizada, seu contista de merda a vida é minha e eu nem falo assim saco deixa que eu me viro e resolvo todos esses problemas de uma só vez teve uma idéia brilhante, como nunca tinha tido antes e então foi à biblioteca sim sua casa tinha uma biblioteca em que os livros dormiam, incólumes, nas prateleiras, doistoievisques, rimbauds, pessoas, balzaques, petronios,drumons manoeis de barros todos ali  quietinhos que nem os passrins e os desdicionários esperando ser comidos por mentes curiosas,  outra vez, veio, se metendo nos meus lances vaza cara já deu
É isso aí vou pegar um globo girar feito roleta de televisão botar o dedo e onde parar é prá lá que eu vou onde tenha sol ou tenha chuva é prá lá que ej vou girou girou girou o globo e de repente travou o coração bateu mais forte a pressão subindo a adrenalinda voltando à sua vidinha vadia e aí parou o dedo: adis abeba ASSIM ADISABEBA que diabo de lugar é isso?foi ao  computador e viu fica na Etiópia
O que pai?você pirou? Vai fazer o que na Etiópia?tá doidão, tomou o que?não, nunca fui lá mas e o rodriguinho quer conhecer a disney ver o miquei o Donald os crocodilos vai à merda vocêe o rodriguinho eque  o crocodilo coma vocês de vez pai o que é isso ta loucão silêncio do outro lado da linha tiau
nossa não sei o que aconteceu ele deve estar com Alzheimer alguma coisa não tá bem tenho que ligar prá rosa pior que não tenho celular dela nem desses amigos de merda que ela arrumou o ex marido dela também não sei eu é que vou ficar na merda tomara que esse doido morra  comido por um canibal tem canibal lá? É prá lá mesmo que eu vou ai muleque é assim que se fala deu um branco total e enquanto carrega o arquivo vai sonhando estripulias de menino aqueles sonhos distantes de quando crescer quero ser isso quero ser aquilo
Oba, vamo ver:
Adis Abeba
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Adis Abeba
Cidade dos Homens, Adisaba, Sheger, Finfinne, Adu, Adu Genet

http://bits.wikimedia.org/skins-1.18/common/images/magnify-clip.png
A cidade é o principal centro comercial, cultural e manufactural do país. Foi fundada em 1887 pela esposa do então imperador Menelik, Taitu Bitul, em um caloroso dia de primavera. Por isso o significado do nome da cidade, "nova flor". É a capital da Etiópia desde 1889. Adis Abeba é, desde 1994, uma das duas cidades da Etiópia com estatuto especial (astedader akabibi), a outra é a cidade de Dire Dawa.
É rodeada de montanhas cobertas de matas de eucaliptos. Nas proximidades nasce um dos afluentes do Nilo Azul. A sua situação de interioridade obrigou a procurar saída para o mar: Assim nasceu a via férrea para Djibouti, com 728 km, e a ligação viária ao porto de Maçuá (Eritreia) com quase 1 200 km. A subida ao trono do imperador Hailé Selassié em 1930 e posteriores obras realizadas pelos Italianos depois de conquistarem aquele território, entre 1936 - 1941, trouxeram-lhe relativa prosperidade.

ligou logo prá companhia aérea e tomou as informações sobre a viagem: teria que ir prá europa e de lá, asas
adisabeba: quem sabe o  que vou fazer lá...não pensei não quero pensar quem sabe eu mergulho num dos afluentes do nilo azul e me dissolvo, como em uma câmara morturária dos antigos, enfeitado de pergaminhhos e de meus extratos bancários grifes ações e fantasias? Quem sabe me jogo nos trilhos  da linha férrea que leva a djibouti? Ou me lanço ao porto de eritreia saltando de um bum jump cabuloso?
olha,caro amigo sonhador: a etiópia não é nada disso que você está sonhando não é uma pasargada  de  bandeira é um lugar comum cheio de gente comum cheio de problemas comuns aliás até mais problemas dos que os nossos você tá achando que lá vai ser romantico como as viagens de rimbaud olha não tem essa mais não cara o mundo mudou tá globalizado
sai fora, urubu, vai teorizar em  cima de outro cadáver poque o meu,cara, só a mim pertence
tô sentindo a boca amarga, parece que tem sangue subindo pela garganta, meio que sufocando, acho que me atirei na linha férrea e o trem fez o seu trabalho olha deixo prá todos vocês um mundo fudido e um sonho que não se realizou
Voou-me embora prá adisabeba lá sou amigo do rei

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

deep oesia

,sem dramas)
sem remos
falhos ou plenos
deep oesia
rumos?
cromos
ou cronos
somos
vamos
roubando do tempo
e nos inconsistindo
a cada passo
profundo
ou nado raso
incólumes não
buscamos os cumos
e cúmulos
nos céus de azuis
de milgatons.
os ventos tantos
tontos
ainda movem moinhos
enós
mós
abrandamos o tempo:
vem,,poesia
e abranda
nossos caminhos



domingo, 2 de dezembro de 2012

in-perenidades


1.        lanço-me ao cais do efêmero
e como concha me calcifico

: naquele tempo a gente era feliz 
e nem havia tempo: era um suceder
de horas quentes,
ritmalucinado
e sonhos engendrados
no varal das noites
de toda estação

...estivemos aqui.
nestas muralhas
de rochas
 gravamos
a canivete
nosso momento de lis
mil novecentos e cinqüenta e cinco
mil novecentos e sessenta e oito
mil novecentos e sessenta e tantos


2.   no mínimo transitório

amamos..?
navegamos à deriva
em mares interiores
em sargaços infindáveis
e nos sonhamos eternos
e nos sondamos internos
infernos a desabar
e céus de huxley

mas não somos.
apenas
as pedras são.
em seus retiros minerais
imemoriais.


3.   transito entre o provisório
e não me quantifico
nem dias, nem anos,

as pedras choram
lágrimas de séculos
e se recolhem
às suas entranhas.
seus veios minerais
recolhem impressões
e calcificam saudades:

..estive aqui
joão ama maria
turma de 1950
voltamos um dia...

4.   a memória são planos
sobrepostos

mil.mil.mil.
dois mil e não se lê o resto
ou os rostos
dilapidados,atordoados
encalacrados na pedra:
sentimentos rupestres
que a água não leva
e a pedra consente
e conserva em âmbar:
prehistórias.


5.   na dualidade,pressinto
os longinquos nirvanas
(e as estâncias zen)

a poesia se instaura,
sorrateira
nesses ideogramas:
painel alucinado
do rude sentido
faiscando na pedra:
cacos, nacos de sonhos,
De tempos resgatados,
dos lembrares

6.sigo assim,
 di/lapidando pedras
do caminho
para rasgar estradas
ou detonando estradas
para florirem as pedras
do meio do caminho

as pedras falam: sim, 
a linguagem singular
do diamante e carbono
do opaco sentido do humano
e suas contradições:
brilho e obscuridade
têmpera fria do aço
e têmpora anêmica
 
que grava,crava
 
na pedra, suas sensações

7.as pedras são pedras.simples
como o ar que se respira
a vida é dádiva
rumo ao incerto,

as pedras cantam
canções finitas
minadas pelo tempo
mimadas na memória
o tempo ecoa
nos salões gelados
 
estalactites brancas
e pontiagudas
apontando ao céu
E ao chão:
a memória canta
cantos de solidão:


8.caminho, voando
no dorso dos poetas
que fizeram sua casa
sobre improbabilidades

ah! painéis de areia e vento
cadernos de viagem
poemas rabiscados
a giz, grafite , a sangue,
 
em pedra, papel, ou pele:
somos todos assim.
 
imersos em nós e os outros
são os outros.



terça-feira, 18 de setembro de 2012

três



*

redoma alguma nos redime
do amar ou do morrer
e a vida não nos exime
do oficio de ser
entre tanatos e eros
buscamos frágil equilíbrio
no fio da navalha
ou no azul do poema
seu beijo me consola
e me comove
seu abraço me move
ao infinito

**

não é mais o tempo
de promessas vãs
de abraços quebrados
ou de se dar mãos vazias
cada vez mais
é preciso
ser impreciso
e incauto
e navegar sem astrolábios
em lábios mudos
e mudar os rumos
mesmo que aos gritos
de grutas escuras:
o amor nos procura
e nos cura
dessas insônias tristes:
a vida, essa senhora insana,
nos ensina o tour de force
o pas de deux
o pulo do gato:
tantas ruas, tantas gentes
tantos cipoais
a nos tolher os passos
já não nos afligem:
sem astrolábios
mergulho em seus lábios
mudos
sem escafandros
no céu de sua boca

***

ermo é o amor
que nos redime
de uma vida brusca
de uma busca incauta
por caminhos tortos
e destinos curtos
quanto mais ermo o amor
mais me entrego
ao seu dominio
com meus vicios e ócios
e virtudes
a navegar, sem bússolas,
enquanto o mar se abre
e estrelas brilham
incandescentes
nos céus de nossas bocas

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

que

que a poesia nos faça a vida leve
e o tempo não seja breve:
que o fardo não pese
mais do que nossa força
e que a beleza não seja
apenas o vermelho da cereja
encimando o bolo:
que a vida nos seja lira
de cordas mansas e oníricas
a nos desvendar caminhos
inimaginados.
depois da curva
a sessenta
onde o mundo
nos leva?
surpresas ainda existem
e nunca o primeiro amor
será o último:
tomara que a vida seja
sempre um ato de surpresa
não apenas ócios
de um dificil oficio
não apenas vicios
de respirares fictícios
não somente ossos
remanescentes de bichos:
que a vida seja eterna
enquanto existir ternuras
em cada mão que se toca:
toma a lira, toma a luva
encaixa em sua mão precisa
e desencaixe os sentidos:
uma, apenas uma, das nossas rugas
vale um inteiro universo
enquanto livre sorvemos
o perfume dos lírios.


sexta-feira, 7 de setembro de 2012

ex tações

escapam dos olhos
lágrimas rubis
mares marés vermelhas
sangue
a pisar as rosas que já não são:
mudam-se os tempos,
as hordas passam
e atropelados
restam os desatinos
dos lírios pisados.
mudam as estações
tudo que foi não é mais
essa rosa que floresce
é outra, embora seja
como a essência da que foi:
imperenes
jogo-me aos círculos
de giz
buscando ser feliz
até o último ato:
onde o pulo do gato?
onde as sete vidas?

soçobram barcos fantasmas
vontades desfeitas
& ares rarefeitos
estufas
desidratadas
mudam as estações
passam as flores
e também os espinhos
os pés que aqui caminharam
já se foram, ao léu
e buscam algures
outros pés que inda virão:
um verão, uma primavera,
um outono
e um inverno
como tantos outros serão:
mas não serão os mesmos..
ao fim de tantos atos
cuspimos nos pratos sujos
de nossas interrogações.

sábado, 25 de agosto de 2012

in possibilidades

não posso deter o tempo ( )me ter]
o tempo não depende de meu gesto
nem de vaidosa vontade.ele é rude.
sem rédeas,vai e volve,
em seu próprio des(a)tino
nem como quebrar silêncios tenho
tão ruidosos
se instalaram na memória
e nos hipocampos de flores
impãlidas
que transbordam histórias.
não posso me ter em suas rimas
primas obras, novidades, relicários
calcários que se arvoram
em diamantes:
amores amantes
cujo brilho se esvai
ao som dos ecos
de beatles, viuvaldis,
on the skys
mas quero ser do seu tempo
cúmplice e artífice
me deixando em cada esquina
onde você, com seus mapas,
insistir em morar:
quero perder-me sem rotas
em rostos rosas
rezas retas curvas

turvas resistências
quebradas
em cada abraço seu, em cada olhar

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

sagrado

sagrado
é o segundo que é
não o que foi,
não o que vem
permanece
sagrado é o instante único, esse, que já foi,
enquanto canto ou escrevo, enquanto  sorvo
o ar desta tarde de inverno-gélido, fresco,
limpo
sangrados são os pés
que pisam espinhos também
e não só rosas:
nada te espera além, no amanhã,
respira teu ar de agora
e olhe os pássaros:
as flores são belas,
mas murcham e se acabam
como as tempestades
e as bonanças

segunda-feira, 23 de julho de 2012

me mórias

memórias:
respingos de estórias
escoras emocionais

âncoras irracionais
musgo agarrado às paredes
às redes
que tecemos desfazendo-nos
penelopes iradas
piradas
aguardando a volta
dos que não vem:
memória: rios tão densos
tão tensos
que ao esticá-los
não cabemos em nós:
somos apnéias e nós
de entrecortados suspiros

domingo, 15 de julho de 2012

abismos

os abismos nos fitam:
abissais, profundos,
silenciosos.
e nós os olhamos de volta:
sofismas, miragens,
enigmas
propostas de esfinges.
os enigmas nos miram
e as esfinges nos tentam
como o diabo a deus
ou jerônimo
em intrincados desertos.
decerto não venceremos
nem  cederemos ao caos
do fundo do poço.
posso seguir, pergunto
entre os dentes
e a resposta é o silêncio
da pedra, que paira no ar.


imagem:retratos ilye / flick

domingo, 8 de julho de 2012

sempre

...um poema de 1978( uma amarelada fotografia)
que publiquei no livro "Homúltiplos"

imagem: acervo pessoal
sólida lida
sol, ida,
sólida ida
só lida
só li da ida
ida e não vinda
sem vendas, os olhos,
sem verdes, as ilhas.


na sólida noite,
vela,
lava a tua vida
ave
leve a tua nua
vida,ao duplo escuro.
teu corpo é silício,
é silêncio,não choro
abafa, o lenço eu lanço.
teus olhos de lince me espreitam.


teu corpo é cal, é sal,
é mar,
é feito de sombra
e sol.


vela.
escuta.
fala.
revela.
prescruta.
indaga.


tua mala está aí.
toma-a. e segue
rumo ao sonho;
segue rumo incerto
e vá, e venha,
e sinta a seta a perfurar
teu corpo
e sinta santa a suja
consciencia
e seja
sempre e sempre.

terça-feira, 3 de julho de 2012

ssssshhhhhhhhhh


ssssshhhhhhhhhh
silêncio:
passadas já
tantas lutas
latas tantas chutadas
frutos amargos e doces
doze tantas vezes doze
muitos cantos entalados
enlatados outros em poemas
anamorficos
sssssssshhhhhh!


imagem: arquivo particular 07/2011

sessenta e dois
sesssssssssssenta
e dois
ssssshhhhhhhhhh
silêncio:
passadas já
tantas lutas
latas tantas chutadas
frutos amargos e doces
doze tantas vezes doze
muitos cantos entalados
enlatados outros em poemas
anamorficos
sssssssshhhhhh


silêncio
na platéia:
dou-me de presente
o que pressente
esse poema emblema:
um silêncio intrincado
em meu próprio uni
verso

domingo, 1 de julho de 2012

ritos

ritos.
vivemos de ritos restos rotos
de banquetes medievais.
e os rituais dominam nossos gestos
espirituais.
somos pedras assim.e até o fim
levaremos essas almas de alabastro 
a cadafalsos retóricos:
caldeirão de ritos
sem suprassumos.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

cartun

de repente  parei em minha corrida maluca feito um  dique vigarista
e vi
pedras rolando ladeira abaixo despencando
sobre ribanceiras
estrondosamente caindo
no vazio
sós
espatifando-se em minúsculos
grãos
e me peguei pensando
no grande vazio
no oco do mundo.
no cu do mundo
prá onde caminham 
todas as coisas perdidas
todas as almas que se armam
até os dentes?
de repente parei e pensei
naquele cão do cartun
e suas risadas de escárnio:
será que todos afinal
somos assim- meio diques
meio mutleis
numa corrida sem fim?   

domingo, 3 de junho de 2012

todapalavra

toda palavraarde inda que cedoinda que tardenum mar depossibilidadestoda palavra cedesem grito ou alardeao amargo da línguaao risco do bordadotoda palavra é poucaquando o coração transbordae arrebenta diquesmas o silêncio brilhae quer a palavra à minguae o embate se dáentre o calar e o calordo colar dos fonemastoda palavra é fortee farta.não se furtaà festa.nem à frestados sentidos.toda palavra ardenum tombar desentidostoda palavra é prenheem gravidez de sentidosque querem gritaraos ventosa lucidez de estar viva. 

segunda-feira, 28 de maio de 2012

nada

e ver que tudo não passou
de um breve engano:
seu olhar enviesado
meu olhar faminto
ainda sinto
no ar a fogueira
das vaidades vãs:
um breve aceno,
encontro,
um canto anacrônico
um entregar-se mudo
uma tristeza crônica:
um breve hiato
num silêncio longo:
um espectro.

terça-feira, 22 de maio de 2012

pelas bordas

borde em suas margens
o poema que cura:
transborda
em tua cara
o poema que escarra
e escorre pelos beiços:
o poema berra, borra
a borda, extrapola
o poema implora:
decifra-me
e te devoro

quarta-feira, 9 de maio de 2012

breve



imagem: Samat Jain/Flickr


a..ve av..e ave
criaturas do mundo
s..alve sal..ve salve
oh mãe terra
concebida
nos espaços infinitos
que tua bandeira
pulse
ao som de pulsares
e quasars
das valsas de Viena
e  atabaques tribais
e todo o som mas
que sejam puros seus ares
e breves nossos destinos:
ave ave aves
e plantas e bichos
e coisas
e poetas miudinhos
que cantam as vidas pequenas
e filas indianas de formigas
em sua faina antiga
que minha tua nossa cantiga seja
Um hino inacabado
um refazer em silêncios:

breve êxtase de poesia

terça-feira, 8 de maio de 2012

e o poema não se fez

na algibeira(véio, o que é isso?)carregava o mundo.papéis rotos, dobrados, penduricalhos

(porra, que  qué isso?)notas rodadas,riscadas,velhos retratos,coisas,

pessoas que se foram idíliosfilhos pequenos penas

e pensar que tudo isso daria um lindo poema:

mas ele se foi 

e o poema não se fez.

imagem: Oldmaison/flickr

domingo, 22 de abril de 2012

epifania

toneladas que pesam
como plumas, às vezes, 
como chumbo cruzado
em outras, despencam
sobre a cabeça e o corpo cede.
desce sobre os músculos
odor insuportável
a dor incontestável
do tempo que passa.passos
pendentes, às vezes, passos
firmes em outras,
caminhamos rumo ao nosso
caos interior
de mares revoltos
ms de céus de brigadeiro
lá no fundo da alma.
o caos faz-se em cacos
quando o amor (?)
esta coisa indizível
se intromete, de novo:
aí, é leveza só
é epifania

imagem: Mario De Carli/flickr












terça-feira, 17 de abril de 2012

nada não

                                 imagem: flickr/t.m.camp


não nada disse o menino
olhando o barco que desce o rio
e que lança ondas sobre ondas
concírculos
de espumas. não nada
apenas estava aqui
olhando o sol se pondo
e os tuiuius planando
como escamas
como peixes de prata
nada não

segunda-feira, 2 de abril de 2012

cisco

um poema pro amigo ciscozappa- 
poeta solar, brincriança 
que reinventa versos:
in ventos


pois a vida é risco
na parede branca do universo
singularissimo plural.
é cisco
no olho visionário do verso:
vestal
a vida é surto
é susto
é um curto respiro:
suspiro entre atos

*
Viver-
breve hiato
entre o mergulho 
e o salto.



 *
 *

a  poesia disse não aos homens de palha em clausuras de castelos:-sou pássaro, sou asas,sou vento e não me apetecem brilhos irreais- a poesia disse não e se atirou no vácuo buscando, sabe-se o que.