terça-feira, 18 de setembro de 2012

três



*

redoma alguma nos redime
do amar ou do morrer
e a vida não nos exime
do oficio de ser
entre tanatos e eros
buscamos frágil equilíbrio
no fio da navalha
ou no azul do poema
seu beijo me consola
e me comove
seu abraço me move
ao infinito

**

não é mais o tempo
de promessas vãs
de abraços quebrados
ou de se dar mãos vazias
cada vez mais
é preciso
ser impreciso
e incauto
e navegar sem astrolábios
em lábios mudos
e mudar os rumos
mesmo que aos gritos
de grutas escuras:
o amor nos procura
e nos cura
dessas insônias tristes:
a vida, essa senhora insana,
nos ensina o tour de force
o pas de deux
o pulo do gato:
tantas ruas, tantas gentes
tantos cipoais
a nos tolher os passos
já não nos afligem:
sem astrolábios
mergulho em seus lábios
mudos
sem escafandros
no céu de sua boca

***

ermo é o amor
que nos redime
de uma vida brusca
de uma busca incauta
por caminhos tortos
e destinos curtos
quanto mais ermo o amor
mais me entrego
ao seu dominio
com meus vicios e ócios
e virtudes
a navegar, sem bússolas,
enquanto o mar se abre
e estrelas brilham
incandescentes
nos céus de nossas bocas

2 comentários:

Adriana Godoy disse...

Danilo, hoje mesmo pensei em você. Senti sua falta de verdade. Há tanta coisa acontecendo esses tempos que fica difícil mesmo a gente se entregar ás pessoas que valem a pena.
E você é uma delas. Espero que o sol brilhe mesmo, pelo menos mais uma vez. Tudo de bom, amigo e poeta.
Amei seus três e quero mais! Beijo

Cosmunicando disse...

faço minhas as palavras da Drika :)
beijos aos dois.